terça-feira, 22 de abril de 2025

Hemotórax em Cães e Gatos, por Dr. Roque Antônio de Almeida Junior CRMV 23098 😊🐶

 


Dr. Roque Antônio de Almeida Junior CRMV 23098 😊🐶 O hemotórax é uma condição potencialmente fatal caracterizada pela presença de sangue na cavidade pleural. Sua ocorrência em cães e gatos pode estar associada a traumas, coagulopatias, neoplasias ou rupturas vasculares. Este artigo técnico visa revisar os aspectos clínicos, diagnósticos e terapêuticos do hemotórax em pequenos animais, com foco na conduta emergencial e nas recomendações baseadas em evidências.






Hemotórax em Cães e Gatos: Abordagem Clínica, Diagnóstico e Tratamento

Dr. Roque Antônio de Almeida Júnior – Médico Veterinário – CRMV-SP 23098
www.doutordosanimais.com.br
@roque_junior_veterinario


Resumo

O hemotórax é uma condição potencialmente fatal caracterizada pela presença de sangue na cavidade pleural. Sua ocorrência em cães e gatos pode estar associada a traumas, coagulopatias, neoplasias ou rupturas vasculares. Este artigo técnico visa revisar os aspectos clínicos, diagnósticos e terapêuticos do hemotórax em pequenos animais, com foco na conduta emergencial e nas recomendações baseadas em evidências.


1. Introdução

O hemotórax é definido como o acúmulo de sangue no espaço pleural, resultando em colapso pulmonar e comprometimento respiratório. É uma emergência que exige reconhecimento rápido e intervenção imediata. Sua etiologia é variada e o prognóstico depende da causa subjacente, volume de sangue envolvido e rapidez no atendimento.


2. Fisiopatologia

A cavidade pleural normalmente contém pequena quantidade de fluido lubrificante. Quando vasos pleurais, pulmonares ou grandes vasos são lesionados, ocorre extravasamento de sangue para esse espaço. O sangue acumulado impede a expansão pulmonar, gerando hipoventilação, hipóxia e acidose respiratória.

Se o volume for significativo (>30% da volemia), pode ocorrer choque hipovolêmico.


3. Etiologias Comuns

3.1 Traumáticas

  • Trauma torácico contuso (ex.: atropelamentos)

  • Fraturas costais com lesão vascular

  • Perfurações por objetos cortantes

3.2 Não Traumáticas

  • Neoplasias torácicas (hemangiossarcoma, linfoma)

  • Coagulopatias (ex.: intoxicação por rodenticidas anticoagulantes)

  • Doenças vasculares (ruptura de aneurisma pulmonar)

  • Parasitas (ex.: Angiostrongylus vasorum em regiões endêmicas)


4. Sinais Clínicos


                                     Dr. Roque Antônio de Almeida Junior CRMV 23098 😊🐶



5. Diagnóstico

5.1 Exame Físico

  • Percussão torácica: maciez nos campos ventrais

  • Ausculta reduzida ou ausente ventralmente

  • Sinais de hipovolemia

5.2 Exames Complementares

  • Radiografia torácica: opacificação ventral, retração pulmonar, linhas pleurais visíveis

  • Ultrassonografia torácica (FAST scan): líquido anecoico ou com ecos móveis (coágulos)

  • Toracocentese diagnóstica: confirma presença de sangue; líquido não coagulado, hematócrito >10% do sangue periférico sugere hemotórax verdadeiro

  • Hemograma e TP/TT/TS: avalia anemia e coagulopatias

  • Exame citológico do líquido pleural: diferencia causas neoplásicas e inflamatórias


6. Tratamento

6.1 Estabilização Inicial

  • Oxigenoterapia (máscara, tenda ou cateter nasal)

  • Acesso venoso periférico e fluidoterapia agressiva (cristaloides + coloides se necessário)

  • Transfusão sanguínea (em casos de hemorragia significativa e hematócrito <20%)

6.2 Toracocentese Terapêutica

  • Retirar o sangue da cavidade torácica alivia a dispneia

  • Deve ser realizada com cuidado para evitar colapso pulmonar reverso abrupto

  • Coágulos podem dificultar a drenagem – usar toracotomia ou dreno torácico quando necessário

6.3 Tratamento Específico

  • Neoplasias: considerar cirurgia, quimioterapia ou cuidados paliativos

  • Coagulopatias: uso de vitamina K1, plasma fresco ou transfusão

  • Traumas: estabilização ortopédica e controle de hemorragia interna

  • Drenagem torácica contínua: indicada em casos com sangramento persistente


7. Prognóstico

Depende da causa, volume de sangue perdido e tempo até o atendimento. Casos traumáticos com rápida estabilização têm prognóstico reservado a favorável. Hemotórax por neoplasias geralmente tem prognóstico reservado a ruim.


8. Considerações Finais

O hemotórax em pequenos animais é uma condição crítica que exige rápida identificação e abordagem sistemática. O clínico veterinário deve estar preparado para realizar toracocentese de urgência, instituir suporte ventilatório e investigar causas subjacentes de forma eficiente. A educação dos tutores sobre sinais de emergência respiratória é também essencial para garantir atendimento precoce.


Referências

  1. Tilley, L.P., Smith Jr, F.W.K. (2016). Manual de Cardiologia Veterinária para Pequenos Animais. Roca.

  2. Ettinger, S. J., Feldman, E. C. (2017). Tratado de Medicina Interna Veterinária. Elsevier.

  3. King, L.G. (2013). Texto de Urgências e Emergências em Pequenos Animais. Manole.

  4. Boon, J. A. (2011). Veterinary Clinical Echocardiography. Wiley-Blackwell.

  5. Lisciandro, G. R. (2014). Point-of-Care Ultrasound Techniques for the Small Animal Practitioner. Wiley.


Dr. Roque Antônio de Almeida Junior CRMV 23098 😊🐶

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