Dr. Roque Antônio de Almeida Junior CRMV 23098 😊🐶 O hemotórax é uma condição potencialmente fatal caracterizada pela presença de sangue na cavidade pleural. Sua ocorrência em cães e gatos pode estar associada a traumas, coagulopatias, neoplasias ou rupturas vasculares. Este artigo técnico visa revisar os aspectos clínicos, diagnósticos e terapêuticos do hemotórax em pequenos animais, com foco na conduta emergencial e nas recomendações baseadas em evidências.
Hemotórax em Cães e Gatos: Abordagem Clínica, Diagnóstico e Tratamento
Dr. Roque Antônio de Almeida Júnior – Médico Veterinário – CRMV-SP 23098
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Resumo
O hemotórax é uma condição potencialmente fatal caracterizada pela presença de sangue na cavidade pleural. Sua ocorrência em cães e gatos pode estar associada a traumas, coagulopatias, neoplasias ou rupturas vasculares. Este artigo técnico visa revisar os aspectos clínicos, diagnósticos e terapêuticos do hemotórax em pequenos animais, com foco na conduta emergencial e nas recomendações baseadas em evidências.
1. Introdução
O hemotórax é definido como o acúmulo de sangue no espaço pleural, resultando em colapso pulmonar e comprometimento respiratório. É uma emergência que exige reconhecimento rápido e intervenção imediata. Sua etiologia é variada e o prognóstico depende da causa subjacente, volume de sangue envolvido e rapidez no atendimento.
2. Fisiopatologia
A cavidade pleural normalmente contém pequena quantidade de fluido lubrificante. Quando vasos pleurais, pulmonares ou grandes vasos são lesionados, ocorre extravasamento de sangue para esse espaço. O sangue acumulado impede a expansão pulmonar, gerando hipoventilação, hipóxia e acidose respiratória.
Se o volume for significativo (>30% da volemia), pode ocorrer choque hipovolêmico.
3. Etiologias Comuns
3.1 Traumáticas
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Trauma torácico contuso (ex.: atropelamentos)
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Fraturas costais com lesão vascular
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Perfurações por objetos cortantes
3.2 Não Traumáticas
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Neoplasias torácicas (hemangiossarcoma, linfoma)
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Coagulopatias (ex.: intoxicação por rodenticidas anticoagulantes)
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Doenças vasculares (ruptura de aneurisma pulmonar)
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Parasitas (ex.: Angiostrongylus vasorum em regiões endêmicas)
4. Sinais Clínicos
5. Diagnóstico
5.1 Exame Físico
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Percussão torácica: maciez nos campos ventrais
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Ausculta reduzida ou ausente ventralmente
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Sinais de hipovolemia
5.2 Exames Complementares
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Radiografia torácica: opacificação ventral, retração pulmonar, linhas pleurais visíveis
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Ultrassonografia torácica (FAST scan): líquido anecoico ou com ecos móveis (coágulos)
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Toracocentese diagnóstica: confirma presença de sangue; líquido não coagulado, hematócrito >10% do sangue periférico sugere hemotórax verdadeiro
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Hemograma e TP/TT/TS: avalia anemia e coagulopatias
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Exame citológico do líquido pleural: diferencia causas neoplásicas e inflamatórias
6. Tratamento
6.1 Estabilização Inicial
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Oxigenoterapia (máscara, tenda ou cateter nasal)
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Acesso venoso periférico e fluidoterapia agressiva (cristaloides + coloides se necessário)
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Transfusão sanguínea (em casos de hemorragia significativa e hematócrito <20%)
6.2 Toracocentese Terapêutica
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Retirar o sangue da cavidade torácica alivia a dispneia
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Deve ser realizada com cuidado para evitar colapso pulmonar reverso abrupto
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Coágulos podem dificultar a drenagem – usar toracotomia ou dreno torácico quando necessário
6.3 Tratamento Específico
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Neoplasias: considerar cirurgia, quimioterapia ou cuidados paliativos
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Coagulopatias: uso de vitamina K1, plasma fresco ou transfusão
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Traumas: estabilização ortopédica e controle de hemorragia interna
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Drenagem torácica contínua: indicada em casos com sangramento persistente
7. Prognóstico
Depende da causa, volume de sangue perdido e tempo até o atendimento. Casos traumáticos com rápida estabilização têm prognóstico reservado a favorável. Hemotórax por neoplasias geralmente tem prognóstico reservado a ruim.
8. Considerações Finais
O hemotórax em pequenos animais é uma condição crítica que exige rápida identificação e abordagem sistemática. O clínico veterinário deve estar preparado para realizar toracocentese de urgência, instituir suporte ventilatório e investigar causas subjacentes de forma eficiente. A educação dos tutores sobre sinais de emergência respiratória é também essencial para garantir atendimento precoce.
Referências
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Tilley, L.P., Smith Jr, F.W.K. (2016). Manual de Cardiologia Veterinária para Pequenos Animais. Roca.
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Ettinger, S. J., Feldman, E. C. (2017). Tratado de Medicina Interna Veterinária. Elsevier.
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King, L.G. (2013). Texto de Urgências e Emergências em Pequenos Animais. Manole.
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Boon, J. A. (2011). Veterinary Clinical Echocardiography. Wiley-Blackwell.
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Lisciandro, G. R. (2014). Point-of-Care Ultrasound Techniques for the Small Animal Practitioner. Wiley.
Dr. Roque Antônio de Almeida Junior CRMV 23098 😊🐶
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