Dr. Roque Antônio de Almeida Junior CRMV 23098 😊🐶
Introdução
A N-acetilcisteína (NAC) é um fármaco consagrado na medicina veterinária, utilizado principalmente por suas propriedades mucolíticas, antioxidantes e hepatoprotetoras. Originária do aminoácido cisteína, a NAC atua como precursor da glutationa, um importante antioxidante endógeno, conferindo proteção contra danos celulares e promovendo a detoxificação hepática. Este artigo tem como objetivo explorar suas indicações, mecanismos de ação, posologia e cuidados específicos, fornecendo uma visão aprofundada para o médico veterinário.
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Mecanismo de Ação
A ação terapêutica da NAC ocorre por meio de dois principais mecanismos:
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Reposição de Glutationa: A NAC fornece cisteína, um precursor essencial para a síntese de glutationa. Em situações de estresse oxidativo ou intoxicação, a glutationa é rapidamente depletada, e a NAC auxilia na sua reposição, protegendo células hepáticas e renais.
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Ação Mucolítica e Antioxidante: Reduz a viscosidade do muco respiratório, facilitando a eliminação de secreções. A atividade antioxidante neutraliza radicais livres e previne danos celulares.
Indicações Clínicas na Medicina Veterinária
1. Intoxicações e Emergências Toxicológicas
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Intoxicação por Paracetamol (Acetaminofeno): Em cães e gatos, o paracetamol causa metemoglobinemia e necrose hepática. A NAC é o tratamento de escolha, fornecendo cisteína para regeneração da glutationa e neutralizando metabólitos tóxicos. A administração deve ser iniciada o mais rápido possível, com dose inicial intravenosa e manutenção oral.
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Outras Intoxicações: Pode ser usada em casos de envenenamento por inseticidas organofosforados e metanol, protegendo o fígado e os rins.
2. Doenças Hepáticas
A NAC é indicada para suporte hepático em hepatopatias crônicas e agudas, além de intoxicações que afetam o fígado. Sua ação antioxidante reduz a lesão hepática e contribui para a regeneração celular.
3. Doenças Respiratórias
Em cães e gatos com doenças respiratórias crônicas, como bronquite e asma felina, a NAC reduz a viscosidade das secreções. Pode ser administrada por via inalatória ou oral.
4. Insuficiência Renal Aguda e Crônica
Propriedades antioxidantes e efeito protetor contra o estresse oxidativo tornam a NAC útil no manejo de nefropatias e lesões renais agudas.
Posologia e Administração
A posologia depende da espécie, peso e condição clínica:
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Cães e Gatos: Em emergências toxicológicas, dose inicial intravenosa de 140 mg/kg, seguida de 70 mg/kg a cada 6 horas por 17 doses.
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Doenças Respiratórias e Hepáticas: Dose oral de 10 a 20 mg/kg a cada 8 a 12 horas.
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A administração inalatória é indicada em quadros respiratórios crônicos.
Efeitos Adversos e Considerações
A NAC é geralmente segura, mas pode causar reações adversas:
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Oral: Náusea, vômito e diarreia em doses elevadas.
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Intravenosa: Reações anafiláticas raras, especialmente em administração rápida.
Conclusão
A N-acetilcisteína é uma ferramenta valiosa na prática veterinária, especialmente em emergências toxicológicas, doenças hepáticas e respiratórias. Seu uso exige conhecimento clínico preciso para garantir segurança e eficácia. O acompanhamento veterinário é essencial para ajustar doses e monitorar respostas clínicas, maximizando os benefícios deste versátil fármaco.
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