sexta-feira, 2 de maio de 2025

Fístula Perianal em Cães: O Que É, Sintomas e Tratamento

 Dr. Roque Antônio de Almeida Junior CRMV 23098 😊



A fístula perianal, também conhecida como sinus pilonidal ou doença perianal supurativa, é uma condição crônica e dolorosa que afeta principalmente cães, caracterizada pela formação de tratos fistulosos e ulcerações na região perianal. Sua etiopatogenia envolve fatores anatômicos, imunomediados e infecciosos. Pastores Alemães estão entre as raças mais predispostas. O diagnóstico é clínico, baseado em inspeção da região perineal, enquanto o tratamento pode ser médico, cirúrgico ou combinado. Este artigo revisa os principais aspectos etiológicos, clínicos, diagnósticos e terapêuticos da fístula perianal na medicina veterinária.




Fístula Perianal em Cães: Revisão Clínica e Terapêutica

Autor:
Dr. Roque Antônio de Almeida Júnior, CRMV-SP 23098


Resumo

A fístula perianal, também conhecida como sinus pilonidal ou doença perianal supurativa, é uma condição crônica e dolorosa que afeta principalmente cães, caracterizada pela formação de tratos fistulosos e ulcerações na região perianal. Sua etiopatogenia envolve fatores anatômicos, imunomediados e infecciosos. Pastores Alemães estão entre as raças mais predispostas. O diagnóstico é clínico, baseado em inspeção da região perineal, enquanto o tratamento pode ser médico, cirúrgico ou combinado. Este artigo revisa os principais aspectos etiológicos, clínicos, diagnósticos e terapêuticos da fístula perianal na medicina veterinária.

Palavras-chave: fístula perianal, cães, dermatologia veterinária, ciclosporina, cirurgia, inflamação crônica


1. Introdução

A fístula perianal é uma afecção dermatológica de evolução crônica e recidivante, de difícil manejo clínico. Caracteriza-se pela presença de tratos fistulosos, drenagem purulenta ou sanguinolenta, dor, prurido e odor fétido na região perineal. Embora possa ocorrer em diferentes raças, sua prevalência é significativamente maior em cães da raça Pastor Alemão, sugerindo um componente genético ou imunológico na sua patogenia.


2. Etiopatogenia

A etiologia da fístula perianal ainda não é totalmente esclarecida, mas envolve múltiplos fatores:

  • Anatomia da cauda e região perianal: caudas espessas e inserção baixa favorecem a umidade e atrito.

  • Disfunção imunológica: estudos sugerem um componente imunomediado semelhante à doença de Crohn em humanos.

  • Infecções bacterianas secundárias: geralmente presentes, mas consideradas consequência e não causa primária.

  • Doença anal sacular associada: a inflamação crônica das glândulas anais pode contribuir para o desenvolvimento de tratos fistulosos.


3. Manifestações Clínicas

  • Ulcerações dolorosas ao redor do ânus

  • Secreção purulenta ou serossanguinolenta

  • Prurido intenso

  • Dor à defecação (tenesmo), constipação

  • Comportamento retraído ou agressivo

  • Lambedura constante da região anal

  • Halitose perineal fétida

Nos casos avançados, pode haver anorexia, perda de peso e apatia.


4. Diagnóstico

O diagnóstico baseia-se nos sinais clínicos e inspeção visual da região perineal.
Outros exames complementares incluem:

  • Citologia da secreção: confirma presença de bactérias e células inflamatórias.

  • Biópsia: recomendada nos casos refratários para descartar neoplasias.

  • Exame retal digital: avalia profundidade das lesões e envolvimento das glândulas anais.

  • Exames laboratoriais: hemograma, bioquímica e sorologias, para descartar doenças sistêmicas concomitantes.


5. Tratamento

5.1 Terapia Médica

  • Ciclosporina A (5–10 mg/kg/dia): tratamento de escolha devido à sua ação imunossupressora eficaz.

  • Tacrolimus tópico (0,1%): usado em associação ou como terapia de manutenção.

  • Antibióticos sistêmicos: quando há infecção secundária (enrofloxacina, amoxicilina-clavulanato).

  • Corticosteroides: menos eficazes e com mais efeitos colaterais em comparação à ciclosporina.

  • Analgésicos e anti-inflamatórios não esteroidais: manejo da dor.

5.2 Cirurgia

Indicada em casos refratários ao tratamento clínico. As técnicas incluem:

  • Excisão cirúrgica ampla das fístulas

  • Caudectomia parcial (em casos anatômicos predisponentes)

  • Criocirurgia

  • Eletrocauterização

A cirurgia deve ser feita com cautela, devido à possibilidade de incontinência fecal.


6. Prognóstico e Prevenção

O prognóstico é reservado a bom, dependendo da resposta ao tratamento e da gravidade da lesão. Recorrências são comuns.
Medidas preventivas incluem:

  • Higiene perianal regular

  • Redução do estresse e manutenção do sistema imune

  • Casos crônicos podem demandar tratamento por toda a vida


7. Considerações Finais

A fístula perianal é uma doença desafiadora, que requer abordagem multidisciplinar e, muitas vezes, tratamento prolongado. A identificação precoce e a associação entre imunomoduladores e controle local aumentam as chances de sucesso terapêutico. A educação do tutor e o acompanhamento clínico contínuo são cruciais para evitar recidivas e garantir bem-estar ao paciente.


8. Referências Bibliográficas

  1. Foster, S.F., & Malik, R. (2004). Perianal fistulae in German Shepherd dogs: pathogenesis, presentation and management. Journal of Small Animal Practice, 45(12), 599–608.

  2. Stokking, L.B., & Rutteman, G.R. (2011). Long-term follow-up of German shepherd dogs with perianal fistulae treated with ciclosporin. Veterinary Record, 168(17), 449.

  3. Gortel, K. (2008). Update on perianal fistulas. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, 38(4), 827–840.

  4. Mathews, K.A., et al. (2001). Treatment of canine perianal fistulae with cyclosporine. Canadian Veterinary Journal, 42(6), 447–451.

  5. Kather, E.J., & Marks, S.L. (2010). Perianal fistulas in dogs. Compendium: Continuing Education for Veterinarians, 32(8), E1–E5.


Dr. Roque Antônio de Almeida Junior CRMV 23098 😊

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