Dr. Roque Antônio de Almeida Junior CRMV 23098 😊
A fístula perianal, também conhecida como sinus pilonidal ou doença perianal supurativa, é uma condição crônica e dolorosa que afeta principalmente cães, caracterizada pela formação de tratos fistulosos e ulcerações na região perianal. Sua etiopatogenia envolve fatores anatômicos, imunomediados e infecciosos. Pastores Alemães estão entre as raças mais predispostas. O diagnóstico é clínico, baseado em inspeção da região perineal, enquanto o tratamento pode ser médico, cirúrgico ou combinado. Este artigo revisa os principais aspectos etiológicos, clínicos, diagnósticos e terapêuticos da fístula perianal na medicina veterinária.
Fístula Perianal em Cães: Revisão Clínica e Terapêutica
Autor:
Dr. Roque Antônio de Almeida Júnior, CRMV-SP 23098
Resumo
A fístula perianal, também conhecida como sinus pilonidal ou doença perianal supurativa, é uma condição crônica e dolorosa que afeta principalmente cães, caracterizada pela formação de tratos fistulosos e ulcerações na região perianal. Sua etiopatogenia envolve fatores anatômicos, imunomediados e infecciosos. Pastores Alemães estão entre as raças mais predispostas. O diagnóstico é clínico, baseado em inspeção da região perineal, enquanto o tratamento pode ser médico, cirúrgico ou combinado. Este artigo revisa os principais aspectos etiológicos, clínicos, diagnósticos e terapêuticos da fístula perianal na medicina veterinária.
Palavras-chave: fístula perianal, cães, dermatologia veterinária, ciclosporina, cirurgia, inflamação crônica
1. Introdução
A fístula perianal é uma afecção dermatológica de evolução crônica e recidivante, de difícil manejo clínico. Caracteriza-se pela presença de tratos fistulosos, drenagem purulenta ou sanguinolenta, dor, prurido e odor fétido na região perineal. Embora possa ocorrer em diferentes raças, sua prevalência é significativamente maior em cães da raça Pastor Alemão, sugerindo um componente genético ou imunológico na sua patogenia.
2. Etiopatogenia
A etiologia da fístula perianal ainda não é totalmente esclarecida, mas envolve múltiplos fatores:
-
Anatomia da cauda e região perianal: caudas espessas e inserção baixa favorecem a umidade e atrito.
-
Disfunção imunológica: estudos sugerem um componente imunomediado semelhante à doença de Crohn em humanos.
-
Infecções bacterianas secundárias: geralmente presentes, mas consideradas consequência e não causa primária.
-
Doença anal sacular associada: a inflamação crônica das glândulas anais pode contribuir para o desenvolvimento de tratos fistulosos.
3. Manifestações Clínicas
-
Ulcerações dolorosas ao redor do ânus
-
Secreção purulenta ou serossanguinolenta
-
Prurido intenso
-
Dor à defecação (tenesmo), constipação
-
Comportamento retraído ou agressivo
-
Lambedura constante da região anal
-
Halitose perineal fétida
Nos casos avançados, pode haver anorexia, perda de peso e apatia.
4. Diagnóstico
O diagnóstico baseia-se nos sinais clínicos e inspeção visual da região perineal.
Outros exames complementares incluem:
-
Citologia da secreção: confirma presença de bactérias e células inflamatórias.
-
Biópsia: recomendada nos casos refratários para descartar neoplasias.
-
Exame retal digital: avalia profundidade das lesões e envolvimento das glândulas anais.
-
Exames laboratoriais: hemograma, bioquímica e sorologias, para descartar doenças sistêmicas concomitantes.
5. Tratamento
5.1 Terapia Médica
-
Ciclosporina A (5–10 mg/kg/dia): tratamento de escolha devido à sua ação imunossupressora eficaz.
-
Tacrolimus tópico (0,1%): usado em associação ou como terapia de manutenção.
-
Antibióticos sistêmicos: quando há infecção secundária (enrofloxacina, amoxicilina-clavulanato).
-
Corticosteroides: menos eficazes e com mais efeitos colaterais em comparação à ciclosporina.
-
Analgésicos e anti-inflamatórios não esteroidais: manejo da dor.
5.2 Cirurgia
Indicada em casos refratários ao tratamento clínico. As técnicas incluem:
-
Excisão cirúrgica ampla das fístulas
-
Caudectomia parcial (em casos anatômicos predisponentes)
-
Criocirurgia
-
Eletrocauterização
A cirurgia deve ser feita com cautela, devido à possibilidade de incontinência fecal.
6. Prognóstico e Prevenção
O prognóstico é reservado a bom, dependendo da resposta ao tratamento e da gravidade da lesão. Recorrências são comuns.
Medidas preventivas incluem:
-
Higiene perianal regular
-
Redução do estresse e manutenção do sistema imune
-
Casos crônicos podem demandar tratamento por toda a vida
7. Considerações Finais
A fístula perianal é uma doença desafiadora, que requer abordagem multidisciplinar e, muitas vezes, tratamento prolongado. A identificação precoce e a associação entre imunomoduladores e controle local aumentam as chances de sucesso terapêutico. A educação do tutor e o acompanhamento clínico contínuo são cruciais para evitar recidivas e garantir bem-estar ao paciente.
8. Referências Bibliográficas
-
Foster, S.F., & Malik, R. (2004). Perianal fistulae in German Shepherd dogs: pathogenesis, presentation and management. Journal of Small Animal Practice, 45(12), 599–608.
-
Stokking, L.B., & Rutteman, G.R. (2011). Long-term follow-up of German shepherd dogs with perianal fistulae treated with ciclosporin. Veterinary Record, 168(17), 449.
-
Gortel, K. (2008). Update on perianal fistulas. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, 38(4), 827–840.
-
Mathews, K.A., et al. (2001). Treatment of canine perianal fistulae with cyclosporine. Canadian Veterinary Journal, 42(6), 447–451.
-
Kather, E.J., & Marks, S.L. (2010). Perianal fistulas in dogs. Compendium: Continuing Education for Veterinarians, 32(8), E1–E5.
Dr. Roque Antônio de Almeida Junior CRMV 23098 😊
Nenhum comentário:
Postar um comentário